A reflexão sobre o que deveria ser e significar a identidade gráfica para uma Capital Europeia da Cultura que, na sua génese, tem como objectivo a aproximação cultural dos povos, abriu portas ao repensar dos paradigmas comuns no que respeita à criação de marcas.


Se por um lado estamos a falar de identidade, esta em específico deveria ter como princípio a capacidade de reflectir a diversidade cultural e a multiplicidade de visões, próprias de uma cultura fragmentada. Na verdade, um potencial oxímoro: uma identidade para a diversidade. Como resultado, só faria sentido uma marca que se pudesse transfigurar, moldar e personalizar de acordo com os desígnios pessoas. Mais do que um estilo gráfico imposto unilateralmente, teria de ser uma proposta capaz de absorver e celebrar a individualidade cultural. Mais do que uma solução fechada, seria necessária uma total abertura às múltiplas visões individuais. E tudo isto garantido a devida identificação com o evento.


Com esta premissa em mente, inevitavelmente seria na cidade de Guimarães que os elementos potenciadores de uma identidade gráfica deveriam ser procurados. O desenho base procura reflectir a cidade naquilo que é verdadeiramente diferenciador, reconhecido nacionalmente e único na história de Portugal — o seu papel da fundação da nação. O símbolo agrega alegoricamente a muralha em representação do Património da Humanidade presente em Guimarães, o desenho da viseira de um elmo que presta homenagem à visão de D. Afonso Henriques, a proeminente figura da fundação de Portugal e é rematado sob a forma de uma coração, em evocação do orgulho e sentimento de pertença dos vimaranenses em relação à sua cidade.

(...) é objectivo que com o decorrer do tempo possam ser acrescentadas novas versões gráficas a esta selecção inicial, criando um repertório gráfico sem limite, reflexo da variedade, multiplicidade e diversidade cultural vimaranense, portuguesa e europeia.

Porém, não era intenção tornar esta representação um fim em si. O legado é um ponto de partida sólido mas o futuro depende da reinterpretação e regeneração de conceitos antigos e da vontade presente de inovar. Garantida a pertinência histórica e adequação cultural, o símbolo foi desenhado para ser visualmente distintivo e salvaguardar o seu reconhecimento nas mais diversas variações gráficas, reunindo as condições necessárias para se tornar numa base sólida e consistente, potenciadora de explorações gráficas múltiplas. Uma janela aberta a cada visão pessoal ou uma tela em branco para qualquer expressão individual.

Se numa primeira fase, a proposta assenta em 26 versões — um número sem significado aparente que apenas enfatiza a ideia de não ser um conjunto fechado de soluções — é objetivo que com o decorrer do tempo possam ser acrescentadas novas versões gráficas a esta selecção inicial, criando um repertório gráfico sem limite, reflexo da variedade, multiplicidade e diversidade cultural vimaranense, portuguesa e europeia. Naturalmente, tratando-se de um conceito com alto potencial de personalização, o apelo à participação, envolvimento e, por fim, à apropriação da marca é dirigido a todo e qualquer cidadão europeu.


A marca Guimarães 2012 valoriza a diversidade cultural ao não impor um estilo fixo. Apela à participação popular ao facultar as ferramentas necessárias para que cada indivíduo possa apropriar-se à sua maneira do símbolo. É aberta a qualquer visão individual porque não se encerra num conjunto fechado de características. No final, não existirá apenas uma representação de Guimarães 2012 – Capital Europeia da Cultura, mas sim uma infinidade delas. Tantas quantas a imaginação tiver sonhado.