O relato da primeira viagem de circum-navegação de Antonio Pigafetta, um dos 18 sobreviventes, é, provavelmente, o documento escrito mais importante associado à célebre viagem projectada por Fernão de Magalhães. A partir do depoimento de Pigafetta, não só a história deste feito magnífico acabaria contada de forma diferente, como seria aberta a porta da imortalidade ao navegador português.

Numa homenagem ao poder transformativo da viagem e do peculiar relato de Pigafetta, a capa desta edição portuguesa enfatiza a ideia de dualidade. O antes e o depois. A partida e a chegada. A armada robusta e os sobreviventes desfalcados. A escuridão da ignorância e a luz do conhecimento. A tensão gráfica entre capa e contra-capa — o paralelismo imperfeito — remete, assim, para uma viagem tão polémica quanto transformadora, que não só viria a mudar a nossa percepção do mundo, como a nossa percepção do próprio conhecimento.

O miolo, por sua vez, organiza-se sobre uma grelha que dá primazia ao conteúdo e respectivas particularidades. Mas como elemento de continuidade, é cruzado pela linha de horizonte traçada na capa, que guia as entradas de capítulos e os alinhamentos verticais das notas.

Antonio Pigafetta: Relação da Primeira Viagem em Torno do Mundo é uma edição da Imprensa Nacional, com tradução, edição e notas de Joana Lima.